Odiar dá audiência. Essa é a verdade que ninguém quer admitir, mas que muita gente usa para crescer na internet. O Rage Bait é a estratégia suja, porém eficiente, de usar indignação para viralizar.
As redes sociais funcionam na base da emoção. Alegria, surpresa, medo… Mas nada gera mais engajamento do que a fúria. Você pode amar um post e curtir. Mas quando você odeia, você comenta, compartilha e até grava um vídeo revoltado. E o algoritmo? Ele entrega o caos para ainda mais gente.
O que é Rage Bait?
É quando alguém posta algo absurdo de propósito só para gerar revolta. Parece um erro, mas é um plano. Pode ser um tweet ridículo, um vídeo problemático ou um comercial “sem noção”. A intenção nunca é convencer ninguém, mas sim fazer as pessoas discutirem.
E quanto mais gente interage, mais o conteúdo cresce. O público odeia, mas continua falando. O criador surfa no engajamento e o algoritmo entrega mais e mais. E pronto! A internet já está em guerra.
Exemplos clássicos de Rage Bait.
Algumas marcas e influenciadores fazem isso com frequência. Outras caem nessa sem querer e pagam caro depois. Vamos relembrar alguns casos emblemáticos?
- Comercial da Pepsi com Kendall Jenner Uma modelo branca entregando um refrigerante para resolver protestos? Esse comercial de 2017 irritou o mundo inteiro. Parecia um erro inocente, mas o buzz foi gigante. Mesmo apagado, o vídeo circulou por meses.
- Marcas que fazem postagens “ingênuas” Quem nunca viu um tweet de empresa falando algo controverso? Como quando uma grande rede de fast food disse que “as mulheres pertencem à cozinha”. Revolta geral. Mas depois veio a “explicação” e pronto: milhões de interações conquistadas.
- Influenciadores e frases “lacradoras” Sabe aquele coach fitness que diz que “pobre é pobre porque quer”? Ou o digital influencer que diz que “depressão é falta de Deus”? Eles sabem que vão irritar. Mas, enquanto as pessoas xingam nos comentários, eles ganham alcance.
Por que o Rage Bait funciona tão bem?
A resposta é simples: a raiva é uma emoção poderosa. O ódio impulsiona a ação muito mais rápido do que qualquer sentimento positivo.
Além disso, o Rage Bait se aproveita de três fatores psicológicos:
Indignação coletiva – As pessoas compartilham para mostrar sua revolta. Vontade de corrigir – Todo mundo quer “ensinar” o autor do post. Bolhas sociais – Grupos se unem para atacar ou defender o conteúdo. Isso gera engajamento, comentários inflamados e viralização instantânea.
O Marketing do ódio pode ser uma estratégia de marketing?
Sim, mas com risco alto. Algumas marcas acham que qualquer engajamento é bom. Mas, dependendo do nível da polêmica, a reputação pode nunca se recuperar.
Empresas que usam Rage Bait precisam entender que existe uma linha tênue entre “gerar debate” e “destruir credibilidade”. Se o público perceber que tudo não passa de manipulação, a marca pode virar piada.
Por isso, antes de cair na tentação, é preciso perguntar: vale a pena ser odiado por cliques?
O lado negro do Rage Bait
Nem tudo é sobre engajamento. O Rage Bait pode ter consequências graves. Afinal, estamos falando de marketing baseado no ódio.
Aqui estão os maiores riscos dessa estratégia:
Reputação manchada – Algumas marcas nunca se recuperam.
Boicotes reais – O público pode decidir parar de consumir.
Afastar clientes fiéis – Quem ama a marca pode se sentir traído.
Criar um público tóxico – O ódio atrai mais ódio. No longo prazo, poucas empresas conseguem manter um relacionamento saudável com o público depois de um Rage Bait descontrolado.
Como evitar cair na armadilha do Rage Bait
O marketing pode emocionar sem precisar da raiva. Conectar-se com o público através de valores reais funciona melhor do que gerar polêmica barata.
Aqui estão algumas dicas para evitar essa armadilha:
Seja autêntico – Não force polêmicas para ganhar atenção. Crie conexões verdadeiras – Aposte em narrativas que geram empatia, não ódio.
Respeite seu público – Você quer ser lembrado por qualidade, não por confusão.
Evite respostas inflamadas – Nem todo comentário negativo precisa de resposta agressiva. Se a estratégia de uma marca precisa de indignação para funcionar, talvez ela precise de uma nova estratégia.
O ódio vende, mas…
O ódio vende, mas tem prazo de validade. O Rage Bait pode dar resultado rápido, mas é uma bomba-relógio. A longo prazo, essa estratégia afasta clientes, destrói reputações e cria um público tóxico.
O algoritmo até pode impulsionar polêmicas, mas construir uma marca sólida exige algo muito mais valioso: respeito pelo público.
Então, na próxima vez que vir um post irritante circulando, lembre-se: alguém pode estar lucrando com a sua indignação. Quer mesmo dar palco para isso?